quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quando a admiração vira obsessão.


Fãs acampam na fila de shows, largam a escola, são expulsos de casa. Tudo em nome de seus astros


Por que milhares de pessoas toparam ficar até 15 horas na fila para comprar ingressos para o show do U2? E tanta gente se submeteu ao risco de morrer pisoteada no show do RBD? Tem gente que se diz mais apaixonada por um artista do que pelo próprio namorado. Gente que já ficou dias sem dormir baixando pela Internet o lançamento oficial do show da sua banda predileta. A admiração vira doença e o que está por trás desse comportamento que desde antes de Cristo motiva a Humanidade: a idolatria.



Se a década de 60 foi marcada pela febre Beatles e a de 80 pelos garotos porto-riquenhos do Menudo, a histeria juvenil da geração atual é a banda mexicana RBD - fenômeno que estourou entre os adolescentes em 2004 com a novela Rebelde. A banda lançou oito discos em quatro anos e vendeu cerca de 22 milhões de cópias em todo o mundo. Em agosto, um comunicado oficial anunciou o fim do grupo e a turnê de despedida. Após a notícia se espalhar entre os fãs, o que era uma adoração se tornou uma obsessão nostálgica.

Roberta Vilarinho, 22 anos, trancou a faculdade para se dedicar à profissão-fã.
Ela recebe a cada semana R$ 20 para manter a estrutura funcionando e imprimiu senhas com 750 nomes para garantir o lugar de cada "sócio" na fila. "Quando a polícia baixou aqui pela primeira vez, passei a noite na delegacia e já fui até expulsa de
casa. Mas nada me intimida. Faço tudo pelo RBD", afirma Roberta, menina de cabelo lilás que exibe uma tatuagem em todo o braço com o nome 'Christian', em homenagem ao seu ídolo-mor na banda.
O acampamento gerou polêmica entre os pais. Alguns, revoltados, colocaram os filhos para fora de casa. É o caso da estudante Giulianna Fortuna, 18 anos, que deixou a família indignada após largar o terceiro ano colegial para se juntar aos demais. "As aulas estavam atrapalhando", argumenta a menina, que ficou obcecada pelo RBD após uma viagem à Argentina, onde diz ter recebido um beijo de Poncho, outro integrante da banda. "Vou montar uma república para abrigar os que não têm onde morar", promete Roberta. "Ninguém aqui quer voltar para casa", diz Leandro Bruno, 17 anos, que obteve autorização do Conselho Tutelar para permanecer no acampamento. Engana-se quem pensa que o fanatismo acabará junto com a banda. Alguns juntam dinheiro para ir ao México acompanhar os artistas. "Aqui a gente é muito carente e se apaixona por quem nos dá atenção. Amamos o RBD porque eles são muito humildes e carinhosos", afirma Felipe. Metade dos fãs tem alguma tatuagem em referência aos ídolos.


E você? o que faria por um ÍDOLO? sairia de casa? ficaria dias na fila? gravaria o nome de tal na pele? mesmo sabendo que NUNCA mais saíra?
Foi o que fez essa: FÃnática por Jonas Brothers:


Na minha opinião, tudo que é em EXCESSO vira DOENÇA!
Acho um ABSURDO largar um LAR que você cresceu, largar seus pais que te colocaram no mundo e te criaram , largar escola e TODA sua educação por 4/5 carinhas em cima de um palco que nem sabem da sua existência! mas infelizmente é o que acontece com as fãs que não são só FÃS são fãs OBCESSIVAS.



DOENÇA DA ADORAÇÃO

O psiquiatra brasileiro João Nunes trabalha na Universidade de Nova York e é especializado no tratamento da doença da adoração. Ele acompanhou a pesquisa e explica que pessoas que sofrem de ansiedade ou depressão e que tenham perdido alguém muito querido têm mais chance de sofrer deste mal.

"A pessoa é capaz de não trabalhar, de não fazer as coisas que tem que fazer, se vestir direito. Ela perde contato com o dia a dia", explica o psiquiatra.

O doutor Nunes dá um exemplo: conta o caso de uma paciente dele que tinha adoração pelo ator Tom Cruise. "Ela descobriu onde ele mora e passou a observá-lo do outro lado da rua. Cada vez que ele aparecia, era o dia mais feliz da vida dela. De repente ela começou a achar que ele estava correspondendo a este amor nos filmes".

O doutor Nunes criou um método para ajudar as pessoas, a saber, se têm ou não sob controle a admiração por um ídolo. São três fases do comportamento dos fãs que devem ser observadas com atenção. Ainda usando aquele caso da paciente que gostava do Tom Cruise, as três fases poderiam ser ilustradas assim:

A primeira é quando o fã diz: "Ah, eu adoro o Tom Cruise. Quero saber tudo sobre a vida dele". É considerado comportamento normal, de curiosidade apenas.

Segunda fase: o fã idealiza um relacionamento que nunca existiu. "Eu e Tom Cruise somos almas gêmeas". Já é um sinal de que esta pessoa está doente e vai precisar de tratamento.

E a terceira fase, a mais preocupante. Quando o fã pensa: "Se o Tom Cruise ler a minha carta, vai largar tudo para ficar comigo".

Segundo o doutor Nunes , o fã neste estágio é capaz de fazer coisas perigosas.

John Lennon foi morto por um fã. E pelo que se sabe hoje, um fã com estágio avançado da doença da admiração. O homem que tentou matar a tiros o ex-presidente Ronald Reagan em 1982 confessou dias depois na delegacia: queria impressionar a atriz Jodie Foster, de quem era fã.

E se a doença da admiração pode se tornar tão perigosa, a pergunta é: há cura pra isso? "Há uma melhoria grande", responde o doutor.

Para as milhões de pessoas em todo o mundo que têm atores e cantores como ídolos, os médicos que participaram da pesquisa deixam uma recomendação: não há nada de errado em gostar muito destes ídolos, ter enorme admiração por alguém. Mas como em tudo na vida, é preciso ter limites, saber a hora de parar.


E você? Sabe a fase do seu FANATISMO?